terça-feira, 1 de março de 2011

A maior bronca que já levei

A maior bronca que já levei

Tínhamos uma aula de Fisiologia na escola de medicina logo após a semana da
Pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado
prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a
excitação era geral. Um velho professor entrou na sala e imediatamente
percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio.
Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que minha
turma correspondeu?

Que nada. Com um certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio
educadamente. Não adiantou, ignoramos a solicitação e continuamos firmes na
conversa. Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior
bronca que eu já presenciei.

"Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez", disse, levantando
a voz e um silêncio carregado de culpa se instalou em toda a sala e o
professor continuou.

"Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que nós
professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses
anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que
fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco se tornam profissionais
brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de
vida das pessoas. Os outros 95% servem apenas para fazer volume; são
medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil.

O interessante é que esta percentagem vale para todo o mundo. Se vocês
prestarem atenção notarão que de cem professores, apenas cinco são aqueles
que fazem a diferença; de cem garçons, apenas cinco são excelentes; de cem
motoristas de táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e podemos
generalizar ainda mais: de cem pessoas, apenas cinco são verdadeiramente
especiais.
É uma pena muito grande não termos como separar estes 5% do resto, pois se
isso fosse possível, eu deixaria apenas os alunos especiais nesta sala e
colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necessário para dar
uma boa aula e dormiria tranquilo sabendo ter investido nos melhores.
Mas, infelizmente não há como saber quais de vocês são estes alunos. Só o
tempo é capaz de mostrar isso. Portanto, terei de me conformar e tentar dar
uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita
pelo resto. Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo
pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos à aula de ...".

Nem preciso dizer o silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o
professor conseguiu após aquele discurso. Aliás, a bronca tocou fundo em
todos nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas
de Fisiologia durante todo o semestre; afinal quem gostaria de
espontaneamente ser classificado como fazendo parte do resto ?

Hoje não me lembro muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do
professor eu nunca mais esqueci. Para mim, aquele professor foi um dos 5%
que fizeram a diferença em minha vida. De fato, percebi que ele tinha razão
e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas,
como ele disse, não há como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo
dirá a que grupo pertencemos.

Contudo, uma coisa é certa:
se não tentarmos ser especiais em tudo que fazemos, se não tentarmos fazer
tudo o melhor possível, seguramente sobraremos na turma do resto."

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