quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A importância do sorriso

A importância do sorriso

O sorriso não é o mesmo que o riso. Separa-os um fosso tão grande como o
que separa as lágrimas silenciosas, diante de um desgosto, dos gritos histéricos
e lancinantes de quem não sabe dominar-se. Bergson escreveu: "O riso é
algo que irrompe num estrondo e vai retumbando como o trovão na montanha, num eco
que, no entanto, não chega ao infinito". O sorriso, pelo contrário é
silencioso como chuva mansa que cai e fertiliza a terra ou como brisa
suave que acaricia
e refresca o rosto. Enquanto o riso é extroversão, o sorriso desvenda
delicadamente o interior de quem sorri.
O poder do sorriso é grande, e saber sorrir é algo de muito importante.
Antoine de Saint-Exupéry diz: "No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo
como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoa para ele".
O sorriso traduz, geralmente, um estado de alma; é um convite a entrar na
intimidade de alguém, a participar do que lhe vai no íntimo. É por isso que o
homem é o único animal que sorri; e, como é dotado de inteligência e
vontade, pode sorrir quando tudo vai bem ou sorrir mesmo que as coisas corram menos
bem, - tudo se resume na harmonia interior.
O sorriso é o que primeiro acontece quando um rapaz e uma rapariga se olham
e se enamoram. Não sabem explicar por que se enamoram, mas é-lhes impossível
deixar de sorrir um para o outro, num sorriso cúmplice de quem não precisa
de palavras para dizer o que sente. Se o enamoramento continua vem a fase em
que, juntos, acham graça a tudo, sem prestarem atenção a nada do que os
rodeia. Então, por vezes o seu sorriso muda-se em riso estrondoso, mas cristalino
manifestando toda a força da sua juventude. Se o enamoramento leva ao namoro
e este ao amor que conduz ao casamento estável, então saber sorrir é fundamental
para vencer o desgaste da rotina do dia a dia e para evitar o afastamento de
dois seres que, vivendo muito perto, estão interiormente afastados - não estão em sintonia.
É pois muito importante saber sorrir. Um sorriso pode dissipar uma angústia,
se for simpático, ou aumentá-la se for sarcástico; pode estimular um trabalho,
se for de aprovação, ou desanimar quem trabalha se for cínico; pode criar
uma amizade, se for sincero e transparente, ou um afastamento se for hipócrita;
pode humilhar de modo irreversível se não for autêntico e espontâneo.
O sorriso pode ser um grande auxiliar na educação. Não o sorriso que pactua
com a asneira, mas o sorriso que acompanha uma repreensão justa e que
mostra ao visado que, apesar da dureza e firmeza da repreensão, há amizade e compreensão.
Sorrir, porém, pode ser uma tarefa difícil. A dor e o cansaço tornam, por
vezes, o sorrir muito árduo. Se há fortaleza interior então há sorriso, mas dorido.
Perguntaram um dia a uma doente em grande sofrimento: "Como te sentes?". A
resposta foi desconcertante: com um sorriso-dorido respondeu: "dói-me tudo".
Mas como anda desvirtuado o sorriso! Será que podemos chamar sorriso o que
vemos no rosto dos que assinam os "tratados de paz e cooperação"? Não, o
que vemos não passa de um esgar.
E termino com uma frase que vinha num calendário de bolso que me deram:
"Não critique, ajude; não grite, converse;
não acuse, ampare e... não se irrite, sorria".

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