quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A gratidão

                            A   Gratidão

O homem por de trás do balcão olhava  a  rua  de  forma  distraída.  Uma
garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o  vidro  da
vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam  quando  viu  um  determinado
objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turqueza azul.

- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? - disse ela.

O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:

- Quanto dinheiro você tem?

Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e  foi
desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão, e feliz disse:

- Isso dá?

Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.

- Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais  velha.  Desde  que
morreu nossa mãe ela cuida  da  gente  e  não  tem  tempo  para  ela.  É
aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que  é  da
cor de seus olhos.

O homem foi para o interior da loja,  colocou  o  colar  em  um  estojo,
embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma
fita verde.

- Tome, - disse para a garota - leve com cuidado.

Ela saiu feliz saltitando pela rua  abaixo.  Ainda  não  acabara  o  dia
quando uma linda jovem de cabelos  loiros  e  maravilhosos  olhos  azuis
adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito
e indagou:

- Este colar foi comprado aqui?

- Sim, senhora.

- E quanto custou?

- Ah! - falou o dono da loja - O preço de qualquer produto da minha loja
é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.

A moça continuou:

- Mas minha irmã tinha somente algumas moedas. O colar é verdadeiro, não
é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo.

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou  a
fita e o devolveu à jovem.

- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode  pagar.  Ela  deu
tudo o que tinha.

O silêncio encheu a  pequena  loja  e  as  lágrimas  rolaram  pela  face
emocionada da jovem enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.

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