quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A história da floresta pigmeu

A HISTÓRIA DA FLORESTA PIGMEU
Arline Davis

Eu vi uma única vez na minha vida, anos atrás, mas eu nunca me esqueci da Floresta Pigmeu na Califórnia. Na época em que eu estudava biologia na University of California,
em Davis, eu fazia todas as cadeiras em que
se faziam pesquisas de campo, o que significava estudar a vida no seu elemento natural. Meu professor de Botânica vinha falando sobre uma tal floresta pigmeu que
ficava na área litorânea da Califórnia que se chama Mendocino. Ele
criava um grande mistério cada vez em que nela falava, e nós alunos já estávamos muito curiosos para ver este fenômeno da natureza. Quando finalmente viajamos numa
excursão para a região de Mendocino, pedimos-lhe para visitar a floresta.
O professor explicou-nos que teríamos que adentrar a floresta comum para chegar ao esconderijo da floresta pigmeu. Andávamos no meio de
pinheiros e azaléias que criavam um corredor ao longo do caminho. As azaléias estavam em plena florescência, pois era primavera e em todo lugar se viam as flores
de todos os matizes possíveis de rosa com branco se
destacando contra o verde escuro das folhas. Era maravilhoso andar neste labirinto, mas perguntávamos: Quando é que vamos chegar à floresta pigmeu?. Calma, respondia
o professor, pode crer que existe. E não demorou para
fazermos uma última curva e logo ali, em nossa frente, abria-se uma clareira. A turma prendeu a respiração com a surpresa visual de ver uma floresta pigmeu, para
logo depois soltar tudo com o prazer do encontro.
O Wooowwww da turma interrompeu o delicado silêncio da floresta em miniatura. Os pinheiros chegavam à altura do peito; as azaléias, que lá fora ultrapassavam o mais
alto da turma, aqui chegavam apenas aos
joelhos. Era uma perfeita reprodução em tamanho reduzido da floresta padrão que cercava esta que se encontrava no interior. É uma mutação genética? perguntou um.
Nada disso, respondia o professor.
Cada árvore aqui mantém seu pleno potencial para alcançar alturas maiores, mas aqui ela não pode. Então, o que a impede? indagou outro. Pois bem, a árvore quer crescer.
Enquanto você vê aqui o óbvio, isto é,
a estrutura nanica da árvore, por baixo do solo, há um elemento da história que tem que se conhecer para tudo fazer sentido. O professor sentou-se para ficar mais
confortável e nós também. Ele
continuou: A árvore quer crescer e está tentando pôr raizes mais profundas, mas não consegue. Suas raízes chegam a uma profundidade e dali não ultrapassam, pois
existe uma camada dura de minerais que se
depositou ao longo destes anos. As chuvas dissolviam os sais minerais da superfície do solo, mas não conseguiam levá-los embora. E pensando ecologicamente, entendíamos
que não se podia parar a chuva
para interromper o acúmulo duro. Tudo morreria se se fizesse isso. Professor, como poderia mudar um ecossistema como este se as causas não podem ser mexidas e os
efeitos estão estáveis? Era uma pergunta chave
para se entender de mudanças ecológicas. Quando um sistema estaciona-se em um equilíbrio dinâmico, este estado atual tende a se perpetuar, a não ser que haja uma
desestabilização.Tipo um terremoto? perguntou um,
pensando nos tumultos que o estado de Califórnia sofria às vezes. Não, não tem que ser tudo isso. Por baixo da terra, existem gigantes estruturas chamadas placas
tectônicas que se mexem constantemente.
Se, em um processo de desestabilização há a entrada de novos recursos naturais, a composição do solo muda e aquela camada pode se dissolver. Quem sabe, a floresta
pode estar se transformando agora, não é? E a
turma apreciou a visão sistêmica que cada um levou daquela lição, mesmo sem saber, neste momento, como ia aplicar na sua vida pela frente.

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